1 de Agosto 2024

Um lugar ao solo

Solos férteis, produtivos e sustentáveis são tema na ordem do dia. Assim se percebe a emergência da agricultura regenerativa, a dar os primeiros passos em Portugal. Assim se justifica a parceria do Crédito Agrícola com a Climate Farmers, organização de matriz europeia cujos consultores actuam em nome da revitalização de toda a cadeia de produção do sector agroalimentar. A parceria de que falamos já está a dar frutos, com acções de formação junto de produtores que não abdicam do futuro.

Apoiar, facilitar e acelerar a jornada de sustentabilidade do sector agrícola. Tudo isto interpela o CA no quadro do seu Plano de Transição Net Zero, orientado para uma economia de baixo carbono e resiliente às alterações climáticas. Sucede que, neste contexto, interpelar é inevitavelmente mover, agir, acontecer. Fica explicada a pertinência da parceria que o Banco estabeleceu com a Climate Farmers, organização europeia nascida em 2020 com o propósito de fazer a ponte entre os agricultores e os recursos necessários à transição para uma agricultura regenerativa. Esta parceria materializa-se, desde já, em três acções formativas no terreno, com participação gratuita, para disseminar conhecimento útil sobre o tema e envolvendo como destinatários três sub-sectores. A primeira formação centrou-se na produção de vinhos e na viticultura, iniciativa realizada a 18 de Julho, na Quinta da Covela, em Baião; seguem-se, em Outubro, em datas e locais a anunciar, as acções formativas para produção de azeite e olivicultura e para culturas arvenses (excepto arroz). O objectivo destas acções não é impactar directamente o maior número de produtores que for possível.

A ideia é induzir junto dos participantes um efeito multiplicador, um espírito colaborativo na partilha massiva da mensagem junto dos seus pares. “O que se pretende é apresentar resultados de boas práticas já desenvolvidas nas explorações de referência escolhidas para acolher os eventos inaugurais, juntamente com apresentações de produtores pioneiros que têm vindo a trabalhar nesta área na zona em questão e, sempre que possível, estudar uma parcela-piloto e dessa observação consolidar ou corrigir procedimentos com base na interpretação e no aconselhamento de um especialista de renome mundial. O passo seguinte é a facilitação de discussões abertas e francas entre os produtores presentes. Na nossa opinião, o apoio técnico especializado é essencial, mas a mensagem passa muito melhor quando os produtores estão entre os seus pares, como sucede nestas iniciativas”, sublinha André Antunes, responsável da Climate Farmers, com as funções de agrobusinesss resiliency e regenAg advisor. Por aqui se esboçam os primeiros contornos do que se espera venha a ser um movimento de produtores a nível nacional, protagonista da capacitação do sector para as boas práticas de agricultura regenerativa. “Além disso, parece-me importante fazer despertar o mundo da distribuição e retalho para estas estratégias. Quando este universo entrar na corrida de alma e coração, a transição será robusta e eficiente”, defende André Antunes.


O caminho é por aqui

A agricultura regenerativa é um conjunto de técnicas relativamente recentes e revolucionárias. “Não tem tanto a ver com o facto de ter de ser biológica ou de não poder ser aplicada em monoculturas – só para citar duas confusões muito comuns com as quais nos deparamos”, clarifica o advisor da Climate Farmers. Este novo conceito tem como ponto de partida “a análise pormenorizada e cientificamente idónea de todos os factores que estejam a bloquear o processo fotossintético, o estabelecimento de estratégias de mitigação desses bloqueios e tendo sempre como base fundamental os recursos locais gratuitos disponíveis, designadamente luz solar, dióxido de carbono e água”. André Antunes assinala que este novo caminho é feito no sentido do uso cada vez menos pronunciado de factores de produção externos e intervenções mecânicas, mas “a dinâmica de cada transição é própria do contexto do produtor e dos determinantes edafoclimáticos e económicos onde se encontra”. Em comparação com o modelo convencional, cabe notar que as produções “devem manter-se ou aumentar, quando se analisam períodos de cinco a dez anos de cada vez, antevendo-se maiores margens de lucro”. No que reporta à densidade nutricional dos alimentos, será claramente maior no contexto da agricultura regenerativa, também ela “alinhada com as estratégias de promoção da saúde das populações”. Tudo boas razões conhecer a Climate Farmers, cuja missão é escalar, de modo eficiente, técnicas e estratégias de agricultura regenerativa e resiliência agropecuária, e cuja visão confere importância-chave à revitalização de toda a cadeia do sector agroalimentar na Europa.

Mais informação em www.climatefarmers.org.