1 de Setembro 2023
Grandes Desafios, Soluções Gigantes
A VERDE – Associação para a Conservação Integrada da Natureza nasceu em Lousada, em 2021, interpelada pela urgência de levar a preservação e regeneração da floresta aos portugueses. O compromisso é conservar e plantar árvores de grande porte, capazes de sequestrar e armazenar parte do carbono que tem afectado a atmosfera do Planeta. Pela óbvia contribuição destas magníficas espécies vegetais, o projecto Carbono Biodiverso foi um dos vencedores do concurso Dia CA Sempre Sustentável 2023
A pegada carbónica é uma das maiores preocupações das sociedades actuais. Portugal não foge à regra e, de acordo com o presidente e co-fundador da VERDE, João Gonçalo Soutinho, já era tempo de criar “um organismo independente que pudesse dar corpo e consolidar o trabalho das Gigantes Verdes”. Um trabalho de gestão sustentável das árvores de grande porte e da floresta nativa portuguesa, que já estava a ser desenvolvido em Lousada, desde 2018 – ainda antes da constituição da associação –, “onde o município tem tido um papel preponderante nas acções ambientais locais”.
Depois de quatro anos a mapear as gigantes do concelho e a lidar com as pressões que estas árvores enfrentam, a VERDE nasceu para mudar o rumo das que têm conseguido sobreviver. Afinal, por serem consideradas uma das tecnologias de base natural mais eficazes do mundo no que toca a despoluir, são indispensáveis na luta pela regulação climática. “Por ano, estas árvores sequestram 200 quilos de CO2 da atmosfera e conseguem armazenar até 6.500 quilos”, explica João Gonçalo Soutinho.
Tudo isso convergiu no lançamento do Carbono Biodiverso. Um projecto pensado e desenhado para agilizar a resposta sustentável – logo, perene – às árvores que compensam as emissões de carbono, sejam de empresas ou cidadãos, disponíveis para voluntariamente financiar a preservação destas gigantes. “Os Guardiões de Gigantes, como são nomeados, evitam que as árvores sejam abatidas e, consequentemente, que enviem todo o carbono que armazenaram para a atmosfera. No fundo, é um mecanismo de compensação que conecta proprietários, gestores ou arrendatários de propriedades com árvores de grande porte. O mecanismo financia ainda a preservação e o restauro ecológico das áreas adjacentes às Gigantes Verdes, através da plantação de árvores jovens nativas, da gestão de riscos, do controlo da presença de espécies exóticas invasoras e da construção de abrigos para a biodiversidade”, explica o presidente da VERDE.
Há outras plataformas de compensação, mas esta é insuperável, garante João Gonçalo Soutinho. “É a única focada na floresta já existente”, sendo de sublinhar que “qualquer cidadão pode aderir a subscrições mensais que financiam as acções da VERDE no terreno, do mesmo modo que qualquer organização pode contactar a associação no sentido de encontrar a melhor solução para a sua missão climática, promovendo também a biodiversidade nacional”.
O passo seguinte é expandir a outros territórios, ir para lá do limite do concelho de Lousada, “onde temos evoluído de forma orgânica”, adianta o presidente da VERDE. Convém notar que, mesmo com o aumento diário da procura, o reconhecimento dos proprietários florestais e a sucessão de prémios atribuídos, há obstáculos quase tão gigantes quanto as árvores protegidas. “O projecto ainda não é 100% sustentável. Em Portugal, falta um mercado voluntário de carbono, apesar de estar a ser regulamentado pelos organismos do Estado. A procura por parte de pessoas e entidades ainda não se encontra ao nível que desejamos”, frisa João Gonçalo Soutinho, que, mesmo assim, acredita que o trabalho desenvolvido – com impacto na conservação da Natureza e na comunidade onde se insere – é já uma referência e “a rampa de lançamento da VERDE”.
A equipa composta por biólogos, ecólogos, economistas, juristas, designers e profissionais da comunicação também ajuda a difundir o Carbono Biodiverso. “É um projecto complexo que, além de apoiar na gestão florestal, regeneração da biodiversidade e no planeamento do uso do solo, tem de dar resposta a questões jurídicas, a mercados, ao empoderamento comunitário e à sensibilização ambiental”, conclui o presidente da VERDE, agradecendo o reconhecimento do Crédito Agrícola. “É sinal de que também os cidadãos que votaram na nossa iniciativa validam e valorizam o nosso trabalho. E o apoio financeiro, naturalmente, permite-nos fortalecer os alicerces de um projecto que todos os dias batalha pela floresta portuguesa”. Estamos juntos!