1 de Outubro 2021
Go PoliMax
Até chegar a esta consagração, o projecto “incubado” em sede do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) mobilizou a dinâmica de excelência do Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional – Centro de Competências (COTHN-CC). E foi enraizar na “sinalização feita por produtores e técnicos para possíveis défices de polinização que estavam a comprometer aspectos e propriedades morfológicas e qualitativas das frutas”, sublinha o técnico-operacional do GO PoliMax [e bolseiro de Doutoramento da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/140703/2018)], Rafael Carvalho.
Revelou-se, então, determinante “perceber o contributo de todos os polinizadores, não só da abelha melífera mas também das restantes abelhas e outros insectos [neste caso] silvestres”. A estratégia apontava para a conjugação de várias latitudes do saber. E nesse pressuposto, o COTHN-CC “conseguiu reunir uma equipa multidisciplinar na abordagem da polinização destas cultivares, integrando um recurso humano com valências na área da Biologia, seduzido, justamente, pelo aprofundar da temática ao realizar um doutoramento na área da agroecologia sobre a polinização entomófila silvestre”.
Ao contrário do que possamos pensar, 2020 não criou entraves de monta às acções projectadas, condicionando apenas pontualmente. O que ressalta, agora, talvez seja a impossibilidade de ter feito, devido ao primeiro confinamento obrigatório, “o transporte/transumância das colmeias da Pinus Verde [zona do Fundão] para os pomares de Alcobaça, inicialmente apontados para a segunda quinzena de Março”, contratempo impeditivo da realização dos ensaios de pré-iscagem e dos novos materiais das colmeias. Já os trabalhos de campo relacionados com os polinizadores silvestres aconteceram dentro dos prazos e nas circunstâncias previstas. O novo ano foi tempo de ensaiar e completar actividades, “tendo sido mesmo solicitado e aprovado, pela Autoridade de Gestão do PDR2020, o prolongamento do projecto até 30 de Junho de 2022”.
Entretanto, a transformação digital revelou-se essencial. Dada a impossibilidade de realizar acções de campo, as novas ferramentas foram chamadas à divulgação através de webinars e de produção audiovisual. De facto, o formato digital seria decisivo para a demonstração de compatibilidades entre o modo de produção integrado e as técnicas de promoção da biodiversidade. No site do GO PoliMax, conforme o perfil e a atividade do visitante, é ver para crer ou… querer ou os dois verbos em simultâneo (https://poli-max.webnode.pt/). Para os promotores do projecto, “é claro que os resultados alcançados constituem um enorme incentivo à afirmação e ao desenvolvimento da fruticultura nacional, objectivando atingir as metas que a estratégia europeia farm-to-fork impõe ao País”. Para o técnico-operacional do GO PoliMax, “fica comprovada a existência de uma biodiversidade muito interessante nos pomares nacionais, quando comparados com outras realidades europeias”.
Manifestamente, o projecto é uma preciosa ajuda na definição dos indicadores para a implementação de políticas de apoio a práticas de promoção da biodiversidade. A importância dos polinizadores constitui quase uma marca que o GO PoliMax pretende comunicar ao público em geral, designadamente com a presença em feiras e outros eventos de primeira linha como a BioLousada ou o Congresso Frutos. “Foi muito interessante mostrar a potencialidade do serviço que estes polinizadores podem prestar aos fruticultores e como juntar estas duas sub-fileiras [fruticultura e apicultura] em prol da sustentabilidade do sector agrícola”, assinala Rafael Carvalho.
O GO PoliMax assenta num percurso detalhado por diversas etapas, um processo que remete o dia da primeira reunião para um registo longínquo. Rafael Carvalho argumenta que, “com os passos já dados, o processo de polinização cruzada não é igual para todas as cultivares frutícolas”; concretizando, embora possam ser os mesmos, os polinizadores apresentam taxas de visitas florais muito diferentes, em função dessas cultivares, resultando em diferentes taxas de polinização, inclusive, em contextos paisagísticos semelhantes”. A eficiência da polinização é muito variada, mesmo tratando-se das mesmas espécies, tal como os seus efeitos. Daí a importância de identificar, conhecer e promover todos os polinizadores funcionais, em prol da melhoria da qualidade dos frutos.
Na leitura dos seus responsáveis, “o GO PoliMax coloca – ou recoloca, melhor dizendo – a atenção num processo biológico básico (a polinização da fruticultura) que tem sido esquecido, mas que é decisivo para o sucesso económico da fileira, quer no mercado nacional quer no exterior”. Trata-se de um avanço no conhecimento desta temática. É um constante e ainda mais vasto desafio, tendo em conta as geografias, os cultivos e as práticas agrícolas. O objectivo está bem identificado. Favorecer a qualidade dos frutos portugueses. O GO PoliMax é movido pelo combustível das parcerias, tendo em conta a importância da agroecologia para a biodiversidade e sustentabilidade das explorações agrícolas. O sucesso do projecto é o resultado dos sinais, do compromisso e da partilha de todos os envolvidos. Juntos, a apontar novos caminhos à fruticultura nacional. PARABÉNS.