1 de Julho 2020

Os impactos da pandemia, por Emanuel Silva, CEO da IMGA

A pandemia levou à imposição de medidas de confinamento radicais a nível global, com o desígnio de conter a crise de saúde pública e achatar a curva epidemiológica. No entanto, ao encerrar as economias para conter a crise de saúde pública, autoinfligimos uma crise económica de proporções históricas. Entre nós, desde o anúncio das medidas de confinamento (12 de Março) e da declaração do Estado de Emergência (18 de Março), foram implementadas moratórias de capital e juros nos empréstimos bancários (públicas e privadas), atribuídos apoios aos trabalhadores que tiveram redução de rendimento, anunciado o mecanismo “layoff simplificado”, foi declarada a prorrogação do pagamento de obrigações fiscais empresariais, reduzidas as contribuições sociais entre Março e Maio, anunciadas linhas de crédito para empresas, entre outras medidas, com três desígnios primordiais: preservar o emprego, proteger os rendimentos e proporcionar a liquidez necessária ao sector empresarial. Um dos resultados desta crise será a redução da receita pública (via menor colecta de impostos) e o aumento da despesa pública (via estabilizadores automáticos como os subsídios de desemprego e despesa discricionária relacionada com os subsídios e transferências sociais para combater o impacto económico da pandemia). Consequentemente, o saldo orçamental deverá passar de um excedente de 0,2% em 2019 para um défice de 6,5% em 2020, de acordo com as estimativas mais recentes da Comissão Europeia, uma deterioração apesar de tudo inferior à média da região (défice agregado da área do euro deverá passar de -0,6% para -8,5% entre 2019 e 2020).

EVOLUÇÃO DOS FUNDOS IMGA 

Perante o cenário de pandemia e consequentes impactos no mercado, a IMGA manteve uma actuação defensiva e de permanente acompanhamento da evolução diária dos mercados, controlando a liquidez dos Fundos geridos por forma a manter níveis adequados de liquidez para fazer face a desvalorizações e a resgates, que atingiram níveis significativos em Março, obrigando a vendas numa situação de stress de mercado, o que as experiências passadas nos sugerem ser geralmente pouco recomendável. A gestão activa desenvolvida pela IMGA tem contribuído de forma determinante para a recuperação das rendibilidades dos Fundos geridos, que já recuperaram uma parte muito relevante das quedas verificadas em Março e Abril. Assente numa perspectiva de retoma das actividades económicas após o período de desconfinamento, demonstrada pela evolução da situação na China, e com a expectativa de que nos próximos meses poderemos ter uma vacina testada capaz de solucionar a questão epidemiológica, esperamos que o mercado possa continuar a registar valorizações até final do ano. No entanto, esta evolução não estará livre de aumentos pontuais de volatilidade e ajustamentos pontuais em baixa, relativamente aos quais é necessário ir mantendo uma gestão activa, conservadora e continua das carteiras dos diferentes Fundos.