1 de Dezembro 2017
Porta aberta à excelência ambiental
Sucedem-se os franceses, os belgas, os espanhóis e, felizmente, cada vez mais os portugueses que entram no Parque Nacional da Peneda-Gerês pela Porta de Mezio. Mais que uma ‘porta’ ou referência física, este é um conceito exemplar de promoção, valorização e fruição do turismo de natureza em todas as suas declinações, saberes e sabores…
Reunindo diferentes competências, colaborações e talentos locais há aqui em Arcos de Valdevez, já em terras do Soajo, um futuro bem presente que promete ser surpreendente…
Se alguém duvidar do inconformismo português, da nossa disponibilidade permanente para recriar, reinventar e abrir caminho a novas dinâmicas, o melhor é vir aqui. É que à promoção dos produtos locais e ao desenvolvimento do turismo de natureza, com propostas muito criativas – e por isso mesmo apelativas – em matéria de fauna e flora do único Parque Nacional português e, simultaneamente, Reserva Mundial da Bioesfera, junta-se uma série de outros argumentos. É o caso das condições irrepetíveis para contemplar as estrelas, numa plataforma astronómica absolutamente privilegiada.
Tudo isto se revela a dois passos do perímetro urbano de Arcos de Valdevez, ao chegarmos à Porta de Mezio. Uma das portas ‘mágicas’ do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Neste caso, a ‘magia’ do projecto que dá corpo, alma e consequência à dinamização de um conceito sonhado e desenvolvido pela ARDAL – Associação Regional de Desenvolvimento do Alto Lima, que lhe valeu o Prémio Empreendedorismo e Inovação CA 2016, na categoria Desenvolvimento Rural. Um ano depois, é tempo de saber novidades do projecto, perceber a sua evolução, alguma obra feita e os próximos passos. Estamos no terreno com João Manuel Esteves (à direita na pág. 32), presidente da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez e presidente da ARDAL, associação que nos recebe também através do seu coordenador, Pedro Teixeira. “Sem dúvida que o Prémio CA nos conferiu notoriedade acrescida e, um ano volvido, é perceptível um conjunto de avanços em torno desta aventura fascinante e mobilizadora que começa logo ao abrir da Porta de Mezio, num grande exemplo de inovação em termos colaborativos”, assinala João Manuel Esteves. Concretizando, o presidente do Município e líder da ARDAL sublinha o trabalho em marcha, muito especialmente em três frentes, envolvendo o Parque Biológico, o Dark Sky e a Presença do Homem no Território. Mas antes disso, o responsável deixa uma nota de grande satisfação ao ver afirmar-se o centro de promoção de produtos locais, “espaço aberto à degustação e venda de sabores e saberes da nossa terra, como seja a carne cachena, o cabrito, o porco bísaro ou o cogumelo, mas também o artesanato, sendo que esta é apenas uma referência neste polo privilegiado e de grande potencial de atracção turística. Depois, em termos de alojamento, importa ter presente o hotel – neste momento, em obras de expansão, reajustando-se à tipologia específica da procura –, enquanto que no contexto das propostas de animação turística estamos a estudar, junto com os respectivos proprietários, a revitalização do centro hípico já instalado.”
No que reporta concretamente ao Parque Biológico, a ideia é potenciar a divulgação da flora que desponta logo à entrada da Porta de Mezio, ao mesmo tempo que a fauna terá um núcleo especialmente dedicado, na linha de um parque zoológico centrado nas espécies autóctones, incluindo um espaço de preservação ao longo de cinco hectares, com lugar reservado à reabilitação de animais no seu habitat natural e não em cativeiro. Em relação ao Dark Sky, o que se pretende é posicionar esta porta de acesso ao Parque Nacional da Peneda-Gerês no ‘caminho das estrelas’, como reserva para um céu escuro, sem luz artificial, plataforma essa muito valorizada pelos amantes da astronomia, desde o cientista ao cidadão comum. No que respeita à terceira componente, a presença do Homem no território tem aqui uma história muito singular e muita rica, cujos vestígios mais longíquos datam de há cinco mil anos. No capítulo da valorização arqueológica, os próximos tempos vão por isso incidir na fruição cuidada do património que é visível e também daquele que não se vê mas que pode ser apreciado com recurso a novas tecnologias. Moral da história: entrar no Parque Nacional da Peneda-Gerês pela Porta de Mezio é, para o coordenador da ARDAL, a oportunidade de aceder a “um sítio mágico”. E assim é porque “estamos numa área protegida de excelência ambiental, coisa rara na Europa, com muito para oferecer em turismo de natureza”, destaca Pedro Teixeira.