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Os resíduos agroalimentares da indústria da Região Autónoma da Madeira transformam-se num meio nutritivo biológico que faz crescer as microalgas e, a partir daí, temos biomassa de superior qualidade. Só uma pequena parte é que vai para comercializar em bruto. O principal há-de resultar numa infinidade de subprodutos das indústrias cosmética e farmacêutica (em especial, na área dos nutracêuticos). Igor Fernandes conta-nos (quase…) tudo do projecto Bioactiv. Se assim não fosse, ficávamos logo saber o segredo que convém guardar na alma da Phytoalgae…
A Phytoalgae, start-up madeirense autora do projecto Bioactiv, distinguido com o Prémio Empreendedorismo e Inovação CA 2019, na categoria "Jovem Empresário Rural”, entrou já na segunda fase do seu plano de acção, centrada na implementação de uma unidade produtiva à escala industrial com fotobioreatores (sistemas de produção das microalgas) de última geração e de baixo custo, estando prevista a sua conclusão em meados do próximo ano. Da ‘obra feita’ atá aqui, correspondendo à primeira fase, destaque para as instalações principais (os escritórios e o laboratório científico e de monitorização da qualidade dos produtos), assim como para a unidade de processamento e uma unidade de produção-piloto das microalgas. ”
Quanto aos parceiros responsáveis pela comercialização dos produtos, o CEO da Phytoalgae, Igor Fernandes, sublinha que entre as empresas nacionais escolhidas está a Bioforma, tendo sido já encetados os primeiros contactos no estrangeiro, nomeadamente em Inglaterra e na Alemanha, com vista à internacionalização do negócio, numa geografia em que o Norte da Europa se posiciona claramente como “o nosso mercado prioritário”. Isso não invalida que o objectivo inicial aponte para o mercado nacional, que precisa de ser mais trabalhado e divulgado, pois existe ainda entre nós um grande desconhecimento deste tipo de produtos. Entretanto, um dos maiores entraves à internacionalização passa pelas questões burocráticas e pela selecção de parceiros fiáveis e susceptíveis de manter uma relação duradoura. “Seja como for, embora o facto de os produtos terem o selo ‘made in Portugal’ será uma importante mais-valia, pois a maioria da biomassa das microalgas 12h comercializada actualmente tem origem na China, em condições de produção e processamento desconhecidas e que levantam muitas dúvidas”, faz notar Igor Fernandes.
Falando em produção e, concretamente, associada ao projecto Bioactiv, a biomassa produzida situa-se por ora nos 15% da capacidade instalada, quase toda destinada à optimização das condições de cultivo das microalgas, designadamente luminosidade, temperatura e pH, assim como à elaboração de produtos-piloto derivados. Com a implementação da segunda fase da unidade produtiva, prevê-se atingir os 100%, correspondentes a 3,5 toneladas por ano, sendo que uma parte será para processar e vender em bruto, e a restante para a produção de suplementos alimentares e produtos de cosmética.
A ambiciosa 'promessa´ de comunicação desta start-up está bem ancorada no claim "O Futuro da Alimentação". Igor Fernandes reitera essa ideia com toda a convicção. “Acreditamos fortemente que a biomassa das microalgas, pelas suas características nutricionais únicas e seus benefícios para a saúde humana, é objectivamente o futuro da alimentação mundial”. E dá um exemplo concreto. “A biomassa da espécie de microalga clorela vulgaris apresenta entre 45 a 60 % de proteína, elemento essencial na alimentação humana, o que é muito superior a outros alimentos quer de origem animal (cerca de 20%), quer de origem vegetal. Se a estas características juntarmos o facto de ainda na mesma biomassa conter elevados conteúdos de inúmeros minerais e outras moléculas antioxidantes, como as clorofilas e algumas vitaminas essenciais, torna-se evidente o enorme potencial desta biomassa e o porquê de ser designado um ‘superalimento’.
Por outro lado, se acrescentarmos outras espécies de microalgas com características diferentes e que contêm compostos de grande relevância para a saúde – como os ómega 3, B-glucanos ou até carotenoides essenciais na prevenção de doenças cardiovasculares ou de certos tipos de cancros – fundamenta bem a nossa estratégia de comunicação, que embora ambiciosa, é certo, não deixa de ser realista”.
Essa estratégia assenta num plano de comunicação que pretende dar a conhecer à população em geral este tipo de produtos e os seus atributos nutricionais e noutras vertentes da saúde. Igor Fernandes argumenta que estes produtos, em termos de consumo no Ocidente, são relativamente recentes, daí ainda existir muito desconhecimento da sua importância na alimentação e das amplas possibilidades de conjugação com outros alimentos.
BIOACTIV - 6 Pontos de Inovação:
1. Produção de biomassa de microalgas, área em que a concorrência é ainda irrelevante.
2. Economia circular é o pressuposto, na lógica do aproveitamento dos resíduos não contaminados de outras indústrias para a produção de biomassa, diminuindo os custos inerentes aos nutrientes.
3. Utilização de espécies autóctones da Região Autónoma da Madeira e adaptadas às suas condições climatéricas excepcionais para a produção de microalgas, o que permite aumentar a produtividade (maior rendimento), reduzir os custos e obter biomassa de qualidade superior.
4. A produção ter origem na Europa e seguir a legislação europeia e nacional, certificada por diversas identidades com credibilidade, confere confiança acrescida ao consumidor e é altamente diferenciador face a produtos de origem chinesa.
5. A empresa está alicerçada numa base sólida de conhecimentos científicos na área, resultante da transferência de know how do sector público para o sector privado, permitindo empreender o conhecimento acumulado em biotecnologia azul, por parte da equipa técnica, para a criação de produtos com origem nas algas e, assim, criar riqueza e mais-valias não só para empresa como para o País.