1 de Abril 2024

Portugal assim tem muita fibra

Um projecto que veio revolucionar a detecção de fugas de água e a monitorização agrícola através de uma fibra óptica sustentável. Atributos inovadores e cruciais para o futuro do Planeta, com o reconhecimento do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola 2023, na categoria “Transição Energética e Neutralidade Carbónica”.

Era uma vez um aluno de doutoramento, o português Tiago Neves, que teve a ideia de criar juntamente com uma equipa de especialistas o primeiro sensor de temperatura e humidade utilizando fibras ópticas. O pretexto foi a necessidade premente de monitorizar esses parâmetros em ambientes de radiação, tarefa até então impossível de concretizar por parte da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN), o maior e mais prestigiado laboratório de física de partículas do mundo.

A ideia, ou melhor, o projecto FiberLoop ganhou corpo e alma. De tal forma, que até fez nascer uma empresa: a FiberSight. O seu fundador e CEO, Tiago Neves, explica que esta é “uma startup do CERN baseada no desenvolvimento de um novo sensor de fibra de alcance quilométrico”. Entretanto, da investigação realizada resultou todo um potencial de aplicações susceptíveis de aplicação em várias fileiras industriais, permitindo à FiberSight a transferência de conhecimento e tecnologia do CERN para o mercado.

“A nossa missão é fornecer soluções de detecção de fibra óptica inovadoras, fiáveis e económicas para a indústria, utilizando tecnologia de ponta e um serviço que exceda as expectativas dos nossos Clientes e melhore as suas operações”, avança Tiago Neves.

A FiberSight vem transformar o panorama da monitorização de temperatura, humidade e detecção de fugas de água. O seu projecto pioneiro, o FiberLoop, utiliza tecnologia de fibras ópticas para alcançar uma precisão sem precedentes na identificação e localização das referidas fugas, revolucionando não só o sector da distribuição pública de água, mas também áreas como a construção civil, a agricultura e a gestão de recursos hídricos.

“Enquanto outras tecnologias oferecem apenas uma localização aproximada, o FiberLoop consegue localizar uma fuga com um erro de apenas um metro, graças aos avanços tecnológicos no sistema de aquisição de dados e no software de Inteligência Artificial [IA]”, explica o fundador e CEO. A sua start-up está, além disso, a desenvolver soluções para optimizar sistemas de rega na agricultura e, assim, conseguir reduzir o desperdício de água. Tiago Neves reforça o propósito de oferecer “soluções inovadoras que permitam uma monitorização e medição mais eficientes e precisas de várias condições físicas e ambientais”.

Actualmente, a FiberSight encontra-se na fase de teste-piloto, em parceria com o Jardim Botânico de Lecce, em Itália, monitorizando sistemas de rega e detectando fugas de água em tempo real. “Enquanto isso, estamos a trabalhar no desenvolvimento do software de IA e num plano de negócios que prevê expandir a equipa em breve”. Os potenciais parceiros no sector da distribuição pública de água parecem estar com grandes expectativas em relação ao FiberLoop, reconhecendo o seu potencial para melhorar a eficiência dos sistemas de distribuição e reduzir perdas.

Tudo argumentos que dão sentido pleno à atribuição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola 2023, na categoria Transição Energética e Neutralidade Carbónica.

Tiago Neves considera que a distinção “impulsiona a FiberSight a continuar a inovar e a desenvolver soluções com impacto positivo na comunidade. Queremos ser uma empresa responsável e sustentável, utilizando métodos de produção amigos do ambiente e minimizando o nosso impacto no Planeta”.