1 de Setembro 2023

Missão bem conduzida

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Concelho da Batalha (AHBVCB) viu o seu projecto reconhecido como um dos vencedores do Concurso Dia CA Sempre Sustentável 2023. A ideia foi a aquisição de um veículo eléctrico destinado ao transporte de doentes não urgentes para hemodiálise. Com um propósito muito claro: permitir a redução da emissão directa de gases poluentes para a atmosfera. Estão de parabéns os cerca de 120 bombeiros voluntários desta instituição, cujo desempenho e dedicação sem limites ao serviço da comunidade fazem jus ao lema “Sem Olhar a Quem”

O presidente da Direcção da AHBVCB, Jorge Silva Novo, avança que o “número de hemodialisados é variável, conforme os eventuais constrangimentos que possam sofrer, mas no mínimo temos sete utentes que transportamos três vezes por semana entre as suas residências e o centro de hemodiálise e respectivo retorno a casa”. Em termos globais, considerando todas as tipologias e necessidades de transporte de doentes, o número de serviços realizado em 2022 foi de 4.794, em muitos casos envolvendo, naturalmente, o mesmo utente. Seja como for, os números falam por si quanto ao aumento dos serviços assegurados pelos Bombeiros da Batalha: de Janeiro a Outubro deste ano, registaram-se 7.153, prevendo-se que 2023 supere, no total, os oito mil. “Tentamos rentabilizar ao máximo cada deslocação, transportando em cada viagem o maior número de doentes, de modo também a reduzir as deslocações e, por essa via, baixar o consumo de combustíveis e consequentemente as emissões”, sublinha o presidente da Direcção.

Ao observarmos o movimento gerado pelo transporte fazemos desde logo a ponte para a realidade da frota. Jorge Silva Novo entende que ela se adequa às missões atribuídas aos Bombeiros, considerando três grandes áreas: emergência pré-hospitalar, transporte de doentes e protecção civil. No primeiro caso, e à luz de um protocolo com o INEM, os Bombeiros da Batalha operam um Posto de Emergência Médica (PEM). Resulta daí uma ambulância INEM e mais seis ambulâncias de reserva, duas das quais no quartel da freguesia de São Mamede. “Apesar de suficiente e operacional, esta parte da frota encontra-se envelhecida, acarretando problemas e custos de manutenção”.

Em relação à segunda âncora de missão, o presidente da Direcção dá nota de dez viaturas dedicadas ao transporte de doentes (VDTD) – uma das quais com possibilidade de transportar em maca e seis adaptáveis a cadeira de rodas – incluindo, aqui, o referido veículo eléctrico agora adquirido, já licenciado e ao serviço. Estas viaturas, explica Jorge Silva Novo, são precisamente as que fazem mais quilómetros, motivo pelo qual apresentam “maior desgaste e necessidade de renovação”.

Finalmente, no capítulo da protecção civil, os Bombeiros da Batalha têm ao seu dispor um veículo de combate a incêndios urbanos, dois veículos tanque, cinco veículos de combate a incêndios florestais e dois veículos de comando. “Neste particular, a frota regista já uma idade considerável, sendo que a viatura mais antiga e ainda operacional tem 41 anos. De modo a fazer face às necessidades da nossa região, cada vez mais industrializada, adquirimos recentemente um veículo tanque usado, que estamos a adaptar para o combate a incêndios industriais, decorrendo em simultâneo uma angariação de fundos junto das empresas da região, que nos permita suportar o considerável investimento envolvido”.

Entretanto, ao percorrermos os 45 anos de história da AHBVCB, sucedem-se os projectos e iniciativas que, no contexto da sustentabilidade, fixam bem uma consciência ambiental que vem fazendo caminho – e exemplo. Destaque para o grande passo que representou a eliminação de telhados com amianto, além da instalação de painéis fotovoltaicos, da utilização de sensores de movimento nos circuitos de iluminação e da opção por lâmpadas LED.

Retomando o tema da renovação da frota, Jorge Silva Novo frisa que “a prioridade tem recaído sempre na substituição de veículos por outros com menores consumos e, portanto, menos poluentes, onde se insere agora justamente a aquisição deste veículo eléctrico”. E faz questão de enaltecer a forma como o Crédito Agrícola da Batalha tem apoiado a renovação da frota de transporte de doentes, “crucial para a capacidade de resposta a estes cuidados e a outros serviços essenciais à comunidade”. Refira-se que o transporte de doentes não urgentes aqui realizado é a afirmação do cariz humanitário dos Bombeiros da Batalha. Estes utentes são referenciados pelas diferentes estruturas do Ministério da Saúde, em razão da sua incapacidade e/ou insuficiência económica, em estreita ligação com centros de saúde, hospitais e IPO, entre outros. “Tudo isto dá-nos uma proximidade única e convoca o nosso apoio humano a pessoas em alturas de grande vulnerabilidade das suas vidas”, assinala o presidente da Direcção, “e a colaboração do Crédito Agrícola da Batalha demonstra, também aqui, um compromisso social notável com a segurança e o bem-estar das nossas comunidades”.

Noutra declinação da sua cultura de sustentabilidade, uma palavra para a Loja Social dos Bombeiros da Batalha. Um espaço gerido em regime de voluntariado por 20 pessoas, mulheres e homens conscientes da importância da cidadania activa, disponibilizando alimentos essenciais a famílias carenciadas, mas também equipamentos a quem é dada uma segunda vida, na lógica de uma economia que se quer cada vez mais circular. Sem dúvida.