9 de Setembro 2017

Fruut da inovação

Do aproveitamento da maçã de segunda escolha produzida na Quinta de Vilar, nasceu um projecto frutuoso cuja competitividade relevante, tanto em Portugal como em Espanha, será caso para estudar. Cada snack da marca Fruut apresenta-se como “uma embalagem de saúde que transporta sorrisos”, porque é 100% natural, saboroso e crocante. A alimentação saudável agradece. E o futuro sustentável também. Que o digam os produtores de maçã da Beira Alta!

A Sociedade Agrícola Quinta de Vilar*, constituída em 1989 por Joaquim Cabral Menezes e sua mulher, Eva Raimann, é referência de topo na produção e comercialização de maçã fresca em Portugal, com uma área de exploração agrícola envolvendo três concelhos – Viseu, Sá- tão e Penalva do Castelo. Já na década de 2010, uma questão pertinente colocou-se aos gestores da Quinta de Vilar: como aproveitar a maçã de segunda escolha, que, embora perfeita para ser consumida, visualmente será menos apelativa? A resposta veio do seu filho Henrique Cabral Menezes, ao apostar na fileira da fruta desidratada, através de um projecto industrial partilhado com sócios que trouxeram competências específicas, desde logo na área do marketing, como é o caso de Filipe Simões. Assim nasceu a Frueat, empresa que lançou a marca Fruut, verdadeiro caso de sucesso no mercado da alimentação saudável, com a oferta de produtos 100% naturais, sem aditivos nem conservantes, agregando oito referências de snacks, da maçã vermelha ao abacaxi. O negócio cresce a um ritmo de 25% ao ano, tendo Portugal e Espanha como mercados-chave.

“O propósito da Sociedade Agrícola foi autonomizar este novo negócio. Considerando a maçã fresca uma commodity, portanto, sem possibilidade de diferenciação por parte do cliente final, a estratégia foi suscitar uma procura direccionada especificamente para este produto de grande consumo. Em 2013 arrancámos com o projecto e, três anos depois, a aceitação do mercado superou todas as nossas expectativas, o que nos levou, em Maio de 2016, a iniciar um ciclo de expansão com a abertura de uma nova fábrica”, sublinha Henrique Cabral Menezes. E, passado um ano, de 140 mil embalagens vendidas por mês, a Frueat está muito perto de atingir as 400 mil. O recrutamento de novos clientes e a consolidação da marca passam pela diversificação, o que significa que, a par do abacaxi, a batata doce, a cebola e o pêssego vieram valorizar a oferta.

Para lá da presença destacada na grande distribuição e gasolineiras em Portugal, os snacks Fruut já se afirmam em Espanha, desde o El Corte Inglés ao Carrefour, passando por 1.620 Lojas Mercadona – o mais importante player da distribuição no país vizinho, com 30% de quota de mercado – prevendo-se até ao final do ano também a entrada nas principais gasolineiras. O negócio gerado em Portugal e Espanha traduz-se hoje numa relação percentual de 50%-50%, mas que em 2018 deverá significar 30%-70%. “A nossa proposta de valor é bem assertiva: mais do que maçã, o que realmente vendemos são embalagens de saúde que despertam sorrisos. O mercado está cheio de produtos que, embora saudáveis, não despertam sensações, seja pela ausência de sabor ou de textura crocante”, assinala Filipe Simões, sustentando que o mercado disputado pela Fruut não se confina às marcas de fruta desidratada. “A nossa nova campanha de comunicação posiciona a Fruut como um snack 100% natural, saboroso e crocante, ideal para merendas, no escritório, na escola – seja onde estivermos, a meio da manhã ou a meio da tarde.” Entretanto, o crescimento notável do negócio está a representar uma oportunidade para os produtores da Beira Alta.

A Frueat consome hoje cerca de 100 toneladas de maçã por mês, garantindo escoamento à maçã de segunda escolha da Quinta de Vilar e dos parceiros da Quinta. E aqui releva o factor sustentabilidade. Filipe Simões faz notar que, já este ano, resolveram o problema de stockagem a um produtor que estava na iminência de destruir 170 toneladas de maçã, adquirindo esse mesmo produto. “No caso da Frueat, estamos a falar de um contributo que está a ter um impacto significativo em toda a região, permitindo aos produtores solucionar o desperdício de 30% da sua produção”. É muita Fruut!

*Cliente do Crédito Agrícola de Terras de Viriato